Existe Algo como Dons de “Sinais”?

Sam Storms

Luan Tavares
3 min readMay 23, 2021

Frequentemente ouve-se do cessacionista que deve ser feita uma distinção entre certos ditos dons de “sinais”, como línguas, profecia, milagres e cura, que, segundo eles, não são mais dados à igreja e todos os outros dons do Espírito.

No entanto, para surpresa de muitos, a expressão “dom de sinal” não aparece em nenhum lugar na Escritura. Os cessacionistas frequentemente (sempre?) criam uma categoria especial para certos dons milagrosos e falam deles como “dons de sinais”, acreditando que isso fornecerá motivos para argumentar que tais dons serviram a um propósito único no primeiro século, mas foram retirados desde então.

A palavra “sinal” aparece com frequência, e da mesma forma a palavra “dom” (charisma). Mas nenhum dom espiritual é explicitamente chamado de “dom de sinal”. E nenhum autor jamais fala dessa categoria de dons para diferenciá-los dos charismata mais comuns ou menos milagrosos. Podemos notar que em Romanos 12:6–8, o dom de profecia (um dos chamados “dons de sinais” pelos cessacionistas) está listado ao lado do ministério, ensino e misericórdia. Não é feita nenhuma tentativa de destacá-lo ou qualquer outro dom milagroso, como se fossem de natureza e propósito diferentes daqueles dons que todos os cristãos reconheceram que continuam na vida e no ministério da igreja hoje.

É verdade que em 1 Coríntios 14:22 Paulo diz que “as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos” (ARA). ​​No entanto, um exame mais atento do contexto deixa claro que falar em línguas sem interpretação na presença de incrédulos é um sinal negativo de julgamento que Paulo não deseja que a comunidade cristã realize. Ele não usa a palavra “sinal” para separar as línguas em uma categoria diferente. Em outras palavras, ele os está repreendendo pelo uso indevido das línguas, não identificando o real propósito das línguas na vida da comunidade de crentes. E note que quando Paulo menciona imediatamente profecia, a palavra “sinal” não aparece no texto original. Os tradutores da ESV [English Standard Version] incluem a palavra “sinal”, mas direcionam a atenção do leitor para uma nota de rodapé, onde indicam que o “grego falta um sinal”.

A palavra “sinal” (semeion) aparece frequentemente em Atos, mas geralmente com referência a “sinais e maravilhas”. Estes últimos geralmente se referem à abundância de milagres que foram associados a Jesus e ao grupo original de apóstolos (veja Atos 2:43; 4:30; 5:12; 6:8; 7:36; 8:13; 14:3; 15:12; também Romanos 15:19; Hebreus 2:3–4). Poderia uma cura específica servir como um “sinal” em alguma capacidade? Sim (veja Atos 4:16, 22; 8:6), mas nem a cura nem as línguas nem a profecia são descritas como “dons de sinais” para indicar que eram temporárias e em uma categoria diferente de outros dons que foram designados por Deus para serem permanentes. Novamente, embora de vez em quando uma cura possa servir como um “sinal”, em nenhum momento a cura é chamada de “dom de sinal”. A única exceção possível a isso está no longo final do evangelho de Marcos, um parágrafo que a maioria dos estudiosos do NT não acredita que faz parte do texto original da Escritura (veja Marcos 16:17–18).

Assim, falar de certos dons espirituais como dons de “sinais” não nos é adequado. Isto tende a sugerir um propósito estreito e temporário para alguns dons, algo que não é corroborado em outras partes do Novo Testamento.

Sam Storms. Is There Such a Thing as “Sign” Gifts?. Tradução: Luan Tavares (16/12/2019).
Site oficial: https://www.samstorms.org/

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“Tudo é possível àquele que crê.” (Marcos 9:23 NVI)

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