Algumas Reflexões sobre Individualidade e Eclesiologia
Algumas reflexões sobre individualidade e eclesiologia:
1. O templo de Deus no Antigo Testamento tinha somente 3 reuniões anuais obrigatórias para todo mundo: a Páscoa, o Pentecostes e as Cabanas. Todos os outros comparecimentos ao templo eram voluntários.
2. O templo não era apenas o local de culto público obrigatório, mas também dos cultos públicos voluntários e dos cultos individuais voluntários. Os cultos semanais obrigatórios aconteciam nas casas, nas famílias.
3. O serviço do templo nunca parava, mas isso não significa que todo mundo ficava grudado no templo todo dia. Eram os sacrifícios e os serviços sacerdotais que eram constantes. O centro do templo era esse.
4. O templo e o serviço sacerdotal foram modelados segundo o padrão do santuário celestial. Uma vez que Jesus Cristo, o sumossacerdote, apresentou o seu sacrifício definitivo no santuário celestial, todo o serviço sacerdotal do templo terreno tornou-se obsoleto.
5. O templo também marcava a presença real de Deus com o seu povo. A presença de Deus significava a aprovação de Deus, a sua comunhão e acessibilidade. Com a aspersão do sangue de Cristo sobre o seu povo e o derramamento do Espírito Santo sobre toda carne, cada cristão tem a mesma presença real de Deus dentro de si.
6. Por essa razão, a Escritura afirma que todo cristão é templo do Espírito, sacerdote que acessa o trono de Deus diretamente, com poder para oferecer a si mesmo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
7. A igreja do Novo Testamento passou a reunir-se semanalmente porque passou a se considerar como a nova família de Deus. Isso significa que as reuniões dos crentes são a continuidade do culto semanal familiar, e não do culto público e obrigatório no templo de Deus.
8. Se todo cristão é templo de Deus, habitado pela presença de Deus, sacerdote de Deus e sacrifício vivo a Deus, logo todo o serviço realizado no templo pode ser realizado pelo cristão individualmente. As reuniões públicas que aconteciam no templo ainda eram reuniões de indivíduos com os seus sacerdotes. Portanto, é FALSA a transposição simplista de culto no templo = culto público dominical em uma igreja tecnicamente organizada como tal.
9. E todas as leis que regulavam o serviço no templo eram leis do trabalho dos sacerdotes, o que significa que todo o extremo rigor do PRC que é extraido do Antigo Testamento diz respeito a leis que foram cumpridas por Cristo de uma vez por todas e pelos cristãos individuais enquanto dependem da obra de Cristo para servir a Deus.
10. Por isso, a Escritura do Novo Testamento apresenta não uma liturgia, e sim cristãos individualmente empoderados pelo Espírito ministrando um ao outro, cada um segundo o dom que Deus lhe deu.
11. O que significa que o poder da igreja deriva do poder dos seus membros individuais. O que quer que haja de especial em uma organização eclesiástica depende de haver algo especial nos membros.
12. É nesse sentido que devemos ver as declarações bíblicas de que a igreja é o santuário de Deus, coluna e baluarte da verdade, etc. Uma igreja só é o que é porque os indivíduos o são primeiro.
13. Tanto isso é verdade que Jesus afirmou que onde houver dois ou três reunidos em nome dele, ali ele estaria também; e que se dois ou três concordassem a respeito de qualquer coisa, o Pai aprovaria no céu. Dois ou três cristãos podem disciplinar e excomungar um impenitente. Dois ou três podem decidir algo e saber que Deus o fará do seu trono celeste.
14. Isso significa que não é uma liderança “devidamente ordenada” nem uma organização específica e burocrática que traz o status de igreja. Qualquer reunião de membros empoderados pelo Espírito e que ministrem corretamente uns pelos outros é uma igreja. Um clubinho de cristãos em uma escola ou faculdade é uma igreja — ao menos em princípio, supondo que estão fazendo as coisas certas.
— André de Mattos Duarte